Num país marcado por alto índice de inadimplência e baixo letramento financeiro, é urgente olhar para o futuro com responsabilidade. Ao preparar as crianças para lidar de forma consciente com o dinheiro, famílias e escolas atuam como agentes de mudança.
O cenário atual e sua influência
No Brasil, mais de 200 milhões de pessoas estão bancarizadas, mas convivem com níveis preocupantes de endividamento e falta de planejamento. Em 2025, registrou-se um recorde histórico de 71,7 milhões de inadimplentes, reflexo direto da ausência de educação financeira desde cedo.
Dados revelam que apenas 21% dos brasileiros receberam noções de finanças até os 12 anos de idade. Sem esse alicerce, muitos jovens enfrentam dificuldade em poupar e interpretar juros, elevando o risco de dívidas e estresse financeiro na vida adulta.
Por que começar cedo faz diferença
Investir na formação financeira infantil significa criar hábitos sustentáveis para toda a vida. Crianças que aprendem conceitos básicos de orçamento e consumo consciente desenvolvem:
- Maior capacidade de planejamento.
- Autonomia para tomar decisões responsáveis.
- Redução no risco de endividamento futuro.
Estatísticas que mostram a urgência
Os números reforçam a necessidade de intervenção precoce:
- Mais de 78% das famílias estão endividadas.
- 47% dos jovens de 18 a 30 anos não controlam gastos.
- 72% dos pais não fazem poupança ou investimento para os filhos.
Enquanto 85% dos pais reconhecem a importância de ensinar finanças, ainda falta prática sistemática e recursos adequados para colocar o aprendizado em ação.
Políticas públicas e programas em ação
O Brasil já dispõe de iniciativas consolidadas para levar educação financeira às escolas. O Programa Educação Financeira nas Escolas, em parceria com MEC, CVM e Sebrae, tem meta de capacitar 500 mil professores e alcançar 25 milhões de alunos, alinhando-se à BNCC de forma transversal.
Além disso, o programa “Na Ponta do Lápis” integra educação financeira, fiscal e previdenciária, com objetivos claros de formação continuada e inclusão do tema no currículo básico. Em alguns estados, como Minas Gerais, já há disciplina específica e exemplos concretos de turmas engajadas em projetos práticos.
Ferramentas práticas para pais e educadores
Recursos lúdicos e tecnológicos são aliados poderosos no processo de aprendizagem:
- Mesada planejada: valor ajustado às tarefas domésticas e metas de poupança.
- Aplicativos educativos, como Tindin, Mooney e Aprender Valor.
- Jogos de tabuleiro ou digitais que simulam orçamento e investimento.
Essas ferramentas permitem que conceitos abstratos se tornem experiências tangíveis, reforçando a importância de discutir dinheiro em família e em sala de aula.
Abordagem por faixa etária
O uso de exemplos práticos, como planejar a compra de um brinquedo ou economizar para uma viagem, aproxima a teoria da realidade cotidiana da criança.
O papel da família e da escola
Em casa, adultos devem adotar postura de coaprendizagem: conversar abertamente sobre escolhas financeiras e envolver os filhos no processo de orçamento familiar. Na escola, professores podem inserir atividades transversais, projetos e feiras de finanças.
Trabalhar em parceria fortalece resultados: pesquisas indicam que alunos com apoio familiar e escolar abrangente têm até 50% mais chance de manter hábitos de poupança na adolescência.
Orientações práticas e próximos passos
Para implementar um programa de educação financeira infantil, sugerimos:
- Registrar objetivos claros para cada faixa etária.
- Combinar atividades lúdicas e tecnológicas.
- Avaliar progresso e celebrar metas alcançadas.
Com essas estratégias, é possível reduzir a inadimplência futura, elevar a taxa de poupança familiar e formar cidadãos mais conscientes. Investir na educação financeira desde a infância é, acima de tudo, oferecer segurança e autonomia às próximas gerações.